quinta-feira, 30 de agosto de 2012

PARA PENSAR: O CARREIRISTA É SEMPRE UM BAJULADOR


Você conhece algum “carreirista”? Oh sim, claro que conhece! E como conhece... E em tempos de cata de votos muitos deles se revelam ao vivo em cores.

É uma figurinha fácil, está em toda parte. E não é um ser em extinção, muito ao contrário prolifera de forma vertiginosa, adubado pela ideologia do poder que permeia nossas culturas. 

Desde o jardim de infância ele estava presente. Era aquela menina ou menino que te dedurava para a professora – ou era você que fazia isso? Que puxava o saco da professora, que bajulava a diretora. Sempre o bonzinho/a obediente: Ou era o ‘sim’ ou era ‘o sim senhora’.  Pobre criança!

O carreirista não tem escrúpulos. Para ele a mentira, a dissimulação, a falcatrua são apenas ferramentas de ofício, e usa dessas ferramentas com uma simplicidade que parece estar colhendo flores num belo jardim. É o discurso político. Os olhos brilham quando conta uma estória mirando o seu objetivo de forma que o interlocutor fica convencido da verdade.

É incrível como o carreista mente. É o prostituto do sucesso. Anda antenado à cata dos talentos alheios para deles tirar proveito.

É um ser ‘sábio’. Tudo entende, tudo opina. É um gênio: Nasceu sabendo. É inteligente.

Todo o seu “vetor interno”, o seu motivo de vida, é a sua carreira. - E ele vai longe - Para ele sua carreira é o mais importante de tudo. O resto é detalhe, inclusive as pessoas que deveria amar que são apenas adorno  ou instrumentos a usar em seu redor.

Os grandes – e pequenos - tiranos do século XX poderiam estar perfeitamente visíveis nesta descrição.

Se tiver algum nas imediações, saia de perto, pode sobrar pra você. Ele/ela é perigoso/a. Corra, esconda-se, peça socorro, faça qualquer coisa. Mas saia de perto, insisto!

Ele é mais ou menos como um viciado em drogas, ou mais no crak – não pode viver sem ele - não adianta, está sempre ligado no seu vício que é subir na vida.

Nada mais lhe interessa, senão subir... Nem sabe exatamente para onde vai, nem no que vai dar, mas quer subir, assim como um balão que se infla e se autodestrói: Pobre carreirista!

Para o carreirista não tem ética nem estética: Tem carreira. Ele vai adequando-se a qualquer cenário, é uma espécie de camaleão corporativo. Muda de lado, de ideologia, de virtudes, de pensamento ao prazer de seus objetivos.

Você deve conhecer alguns, particularmente no mundo político, que mudaram de forma inimaginável sua forma de pensamento: Da esquerda para a direita, da direita para o centro... é um flutuante, ou seja uma “merda n’água”.

Suas opiniões possivelmente podem ser classificadas como kistch, feitas para agradar, não para questionar, por isso procura lições em literaturas de auto-ajuda ou livros de sucesso.

Portanto, amigo, leitor tome muito cuidado se você convive com essa qualidade de gente, você pode ser apenas um desses instrumentos a ser usado e descartado e aos possíveis leitores carreiristas:

Lembre-se que você, pensando ser o esperto ou a esperta pode ser apenas uma ferramenta na mão de outro carreirista mais esperto que você!


terça-feira, 21 de agosto de 2012

SÉ DE OLINDA: NOVO CARTÃO POSTAL


Os cartões postais da Sé de Olinda, que mostram o seu interior, vendidos nas bancas e camelôs já estão ultrapassados depois da repaginada por que passa a velha igreja, particularmente na recolocação do tríptico de altares principais, sejam o Altar Central (mor), a Capela de São Salvador do Sacramento (Eucaristia) e a Capela do Santo Cristo.

Se desde a década de oitenta do século passado fiéis e visitantes estavam habituados, logo a adentrar pela porta central, visualizar a simples e bela imagem da cruz no altar-mor, talvez num modelo da igreja 'heldiana', seja do Concílio da Vaticano II, (5) hoje o visitante perceberá um grande resplendor barroco em cujo centro está a histórica imagem de São Salvador do Mundo (séc. xvii?), recentemente reencarnada por Manoel Guimarães, artesão e restaurador de arte sacra.³

A Matriz do Salvador conhecida como a Sé de Olinda é  uma edificação que data, em suas fundações originais em taipa de 1537/1540, e cujas ampliações e reformas foram de 1599, portanto, concomitante as resoluções do Concílio de Trento (1545/63), no qual a contra-reforma católica buscou idéias para o combate as doutrinas reformistas, daí a lógica do antigo tríptico de altares: A valorização do dogma da transubstanciação presente na Eucaristia, na centralidade do Cristo Rei (São Salvador do Mundo) e no anúncio da morte/ressurreição do Cristo (altar do Santo Cristo).

Desta forma a recondução dos altares (retábulos) da Sé de Olinda, é uma sutil restauração do projeto original, particularmente na recolocação da imagem de São Salvador do Mundo em seu local de origem – no altar-mor, cujo belo resplendor recentemente instalado (vide imagem acima) é originário do forro da Matriz de Santo Antonio do Santíssimo Sacramento do Recife, posssivelmente do Século xviii. Embora que do altar-mor original não se tenha registros fotográficos, e que segundo tradições era esplendoroso e ocupava espaço bem maior que do que hoje se pode observar. (5) Todavia pelo menos uma parte dele, seja a mesa da celebração eucarística em jacarandá, seja um fragmento do que fora um dia o altar-mor original (restaurada igualmente por Guimarães).³

A Sé de Olinda é um desses monumentos históricos-religiosos que desde a sua fundação passou por profundas profanações, reformulações e releituras. 

a) Quadro de Frans Post (1662):
 b) Montagem da Sé atual sobre a obra de Frans Post:

De edifício possivelmente maneirista no século XVI, “em 1631, como tantos outros monumentos religiosos, a Sé ficou em ruínas após o grande incêndio que houve em Olinda, por ocasião da presença holandesa em Pernambuco. Dizem que até para estrebaria para cavalos foi de utilidade. No entanto, o prédio foi reconstruído na segunda metade do século XVII”.¹  O quadro de Frans Post de 1622, nos dá a idéia de como a Igreja de São Salvador encontrava-se depois da destruição flamenga.
 
Somente em 1669, expulsos os holandeses e com a edificação em ruínas, a capela-mor foi concluída e foi possível rezar missa, todavia sem ornamentos nem sinos e as portas da fachada só foram colocadas em 1676, ocasião em que foi criado o Bispado de Olinda (A Fronda dos Mazombos, p.176). O que demonstra o grau de carência econômica daqueles tempos, com a nobreza de Olinda em decadência.

Imaculada Conceição (Quadro existente na Sacristia)

Daí por diante muitas reformas foram realizadas no interior e no exterior do velho templo.  Em 1911, quando da elevação da Diocese a Arquidiocese, sendo bispo entre 1901 a 1915, dom Luiz Raimundo da Silva Brito, sua fachada foi remodelada em estilo neogótico, talvez em alusão a este fato. Em 1930, sob o governo de dom Miguel de Lima Valverde,  foi novamente modificado para o estilo neobarroco. E em 1967/76, já sob o governo de dom Hélder Câmara através de grande projeto de pesquisa arqueológica, retomou traços do que possivelmente fora no século XVI/XVII.

Do restaram-lhe apenas os dois altares laterais à capela-mor, todavia da demais capelas, ao longo da nave, e onde existiam outros altares,  resta-lhe somente paredes e as esparças imagens de Nossa Senhora da Conceição, São Sebastião e uma tela da  Ùltima Ceia, ademais o vazio (o que poderia ser recomposto com alguns dos 12 painéis dos séculos XVII e XVIII, que lhes são pertencentes, e desde 1957 estão sob a guarda da pinacoteca do Museu Franciscano de Igarassu - galeria abaixo).
 




Segundo a pesquisadora Semira Adler Vainsencher, em 1974, a Sé passou por uma nova restauração, desta feita por intermédio do Programa de Restauração das Cidades Históricas, criado pelo Ministro João Paulo dos Reis Veloso; e, em 1976, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco - Fundarpe – restituiu o estilo arquitetônico primitivo do templo.”1


O fato é que se nota que a Sé de Olinda, não obstante a sua importância simbólica de ser uma das três primeiras Sés do Brasil (Bahia (1575), Olinda e Rio de Janeiro (1676), e de onde partiam as diretrizes para a Igreja Católica até as fronteiras com o Maranhão, foi por anos negligenciada de forma que há registro que por muitos anos seu altar-mor, por volta dos anos de 1950, era casa de morcegos e muito de suas relíquias devem estar espalhadas sabe Deus por onde.  Esse abandono deu-se possivelmente a partir da decadência de Olinda (século XVIII em diante) quando os bispos passaram a residir em Recife, virando as costas para a velha Sé.

E como última atualização, a transladação dos restos mortais dos bispos e arcebispos que encontravam-se no Mausoléu dos Bispos, para as capelas laterais à nave.

Do lado esquerdo: Dom Matias de Figueiredo Melo (*1687- +1694), considerado por seus contemporâneos como 'o bispo Santo', 2º Bispo de Pernambuco e 1º a ser sepultado nesta Igreja; dom Tomás Manuel de Noronha e Brito (*1770-+1847), dom João da Purificação A. Marques Perdigão (1779-1864); dom Francisco Cardoso Aires (*1821-+1870), - aquele que negou o enterro do general Abreu e Lima no Cemitério católico de Santo Amaro; e dom Thomás da Encarnação da Costa Lima (1774 -1784)  e quatro outros prelados não identificados.




Do lado direito: Dom Luiz Raimundo da Silva Brito (1901-1915);  dom Carlos Gouveia Coelho (1960-1964); dom Miquel de Lima Valverde (1922-1951) e de dom Hélder Pessoa  Câmara (1964-1985) (6), dom Lamartine Soares (n.1927-m.1985) e padre Antonio Henrique Pereira Neto (n.1940- m.1969), transferido do cemitério da Várzea (Recife-PE), considerado o mártir da ditadura militar. Juntam-se, assim, numa justa homenagem os três símbolos da Igreja de Olinda e Recife, que lutou pelos direitos humanos durante o período de ferro da Ditadura Mulitar no Brasil (1964 até a abertura democrática), em um justo resgate à memória da história antiga e recente da Igreja Católica no Brasil.







REFERÊNCIAS/NOTAS:
1. http://semiraadlervainsencher.blogspot.com.br/2009/05/se-de-olinda-pernambuco.html
2.  A Fronda dos Mazombos - 2ª Edição 2003 - Mello, Evaldo Cabral de Melo.
3. Site do Restaurador:http://manoelguimaraesartesacra.webnode.com/ 
4. A Identidade da Beleza. Dicionáro de artistas e artífices do Século XVI ou XIX. Vera Lúcia Costa Acioli. 
5. Há informações que essa iniciativa foi do então padre Marcelo Carvalheira, que teria mandado construir a parede que hoje se vê aos fundos da capela-mor, uma vez que a antiga capela tinha maiores dimensões, que hoje são ocupadas pelo cemitério existente na Sé. O motivo teria sido um grande vazio dado a ausência do retábulo-mor já destruído.
6. Os restos mortais de dom Helder Câmara foram exumados no dia 17 de agosto de 2012, dentro do rito estabelecido pelas leis canônicas. Intui-se que a transladação dos despojos do falecido, bem como de material recolhido na sepultura serão devidamente guardados à espera de processo canônico em vias de averiguação de santidade do falecido arcebispo. Em caso de ser o mesmo declarado 'servo de Deus' , 'beato' ou 'santo' esses despojos tranxsformam-se em relíquias.   


Imagens/Créditos:
1. Montagem do autor;
2. Quadro de Fraz Post (wikpedia);
3. Painel existente na Pinacoteca de Igarassu (http://brauliomouraetc.blogspot.com.br/
4. Sé de Olinda -  http://commons.wikimedia.org/wiki/File:S%C3%A9_de_Olinda_-_1975.jpg
5. http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=404&Itemid=1

Para ler:
http://hzoom.com.br/pt-br/fotos/161?page=1
http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2012/09/03/interna_vidaurbana,394387/impasse-sobre-destino-do-maior-acervo-sacro-de-pernambuco.shtml

Texto de Washington Luiz Peixoto Vieira 
Artigo atualizado em 13/09/2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

SAUDADES: IVANOÉ PEREIRA DE BRITO (1925-2012)


Conheci seu Ivan (como o chamava) há uns 13 ou 14 anos, cá no Recife. E de lá pra cá ficamos tão amigos que a relação de amizade transformou-se em relação de família. Era um homem essencialmente generoso!

Sua casa virou um referencial da ‘casa do pai’ dada a sua sinceridade e sua capacidade de acolher as pessoas. Seus conselhos um norte para as decisões que a vida nos induz a tomar.

Á menor dificuldade seu Ivan não negava a sua ajuda e sua compreensão
.
Durante sua vida aprendeu a arte da mecânica, mais do que “um doutor” como um dia me disse um dos seus aprendizes de oficina mecânica: “ ele sabe montar e desmontar um carro”. 

Ontem, depois de longa enfermidade O Eterno o chamou para sua morada. E ele está lá junto de Deus, que com certeza depois de alguns dias de descanso pedirá a Ivanoé para dar aula de paciência e generosidade a muita gente boa que está lá por cima.

Saudades, Seu Ivan!

obs: Nascido em 1925 e falecido em 2012.

http://www.grupovila.com.br/localizacao-de-jazigo/?stxt1=IVANOE%20PEREIRA%20DE%20BRITO&ssel1=MO_REC&offset=